terça-feira, agosto 19

Entrevista a William

Um olho na fama, o outro na família. É este o dia-a-dia de William em Paços de Ferreira, na primeira experiência europeia, aquela que espera ver abrir-lhe as portas do estrelato e, simultaneamente, garantir uma boa vida à família.

Longe da casa no Rio de Janeiro que o viu nascer há 26 anos, o avançado chegou a Paços à experiência e convenceu de imediato José Mota. Estávamos em Janeiro e William ainda marcaria cinco golos em dez jogos. Não chegou para a permanência, mas as condições encontradas fizeram-no recusar outras propostas. Agora marcou os dois golos da reviravolta contra o Estrela da Amadora e converteu-se na primeira estrela da época.

"Os golos são de toda a equipa. O objectivo é ser o melhor marcador em todas as provas onde entro, mas em primeiro lugar, estão as necessidades da equipa", revelou. "Marcar 15 golos seria excelente, mas tenho é que merecer a titularidade", prosseguiu, comparando José Mota a Paulo Sérgio: "Usam esquemas diferentes, mas isso não é relevante. Devo muito Mota, pois ajudou-me na adaptação. Paulo Sérgio é falador e excelente também."

Além de constantes dedicatórias, a mãe e os irmãos do jogador recebem metade de tudo que William ganha no futebol. É assim desde 1999. "Ganhava 500 reais (207 euros à taxa de câmbio actual) na Juventus de São Paulo. Dava metade à minha mãe e ficava com o resto para passear com a namorada. Ainda hoje faço isso. Mando sempre metade do salário para o Brasil", sorriu.

William não se esquece do esforço que a mãe fez para que ele e os dois irmãos não passassem fome. "Queria uma roupa melhor, uma comida melhor e não havia como. A minha mãe esforçou-se muito e hoje sou eu que posso e quero dar-lhe uma vida melhor", conta, recordando o tempo em que morou paredes meias com a favela. "Ficava ao lado do muro que separava uma favela onde havia tudo que não é recomendável. Eu escolhi o caminho certo", rejubila.

O futebol ajudou. "O talento é uma mistura do dom de Deus e da prática. A necessidade de ajudar a minha família fez-me investir no futebol", revela.

Quanto ao futuro, não passa de uma incógnita. O imediato manda ficar por cá. "Portugal era um dos objectivos. Estive no México mas não me adaptei às pessoas nem à comida. Aqui é fantástico. A minha esposa adora e o meu filho de dois anos também", sublinhou.


in Ojogo

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