sábado, janeiro 22

Entrevista Nelson Oliveira


Entrevista do avançado do Paços ao site Desportivo.net

Nelson Oliveira é um dos jogadores em destaque no FC Paços de Ferreira, orientado por Rui Vitoria. No seu primeiro ano de sénior, e após seis meses no Rio Ave, o avançado de 19 anos quer mostrar serviço para voltar ao clube que detém o seu passe, o Benfica. Para isso, confessa que está no clube ideal.

Desportivo.net (Dn) – Como é que está a ser esta tua experiência no Paços?

Nelson Oliveira (NO) – Está a ser muito boa. A competitividade do plantel, a qualidade do grupo e o modelo de jogo favorecem o nosso futebol. As coisas têm-nos corrido bem, não temos andado aflitos, no fundo da tabela. Portanto, só podia estar satisfeito, pois as coisas estão a correr como eu planeei.

Dn – No início da época falou-se da possibilidade de ficares no plantel do Benfica. O facto de poderes jogar mais num plantel como o do Paços pesou na decisão do empréstimo?
NO – Claro. Nesta idade, o mais importante é jogar, em detrimento de ficar num plantel principal. Não adiantava nada ficar no Benfica e chegar ao fim da temporada com 20 minutos jogados. Felizmente vim para cá e as coisas estão a correr bem.

Dn – O facto de Rui Vitória ser um técnico conhecido por apostar em jovens também terá pesado na tua escolha…
NO – Sem dúvida. Eu sabia que as equipas por onde ele passava não tinham problemas em jogar com gente nova. Foi esse o caso do Fátima, onde treinou o meu amigo David Simão (também está no Paços, por empréstimo do Benfica), e tinha uma excelente relação com os atletas.

Dn – O Paços de Ferreira é das equipas da Liga Zon Sagres que joga um futebol mais descomprometido, que não se limita a defender. Isso beneficia quem joga no ataque como é o teu caso?
NO – Isso é fundamental. O Paços tem um estilo de jogo que dá para trocar a bola. Nós jogamos com bola no pé e não na base do futebol directo. Quando assim é, os jogadores evidenciam-se mais e torna-se mais fácil mostrarem o seu potencial.

Dn – Neste plantel encontraste jogadores muito novos. Essa característica do grupo facilitou a tua integração?
NO – Sinceramente, todos os jogadores do plantel facilitam muito a entrada de gente de nova. O grupo é porreiro e acolheu-me bem. É claro que o facto de ter jovens que eu já conhecia da selecção, como o Caetano, o Pizzi e o David Simão, ajudou-me, mas todo o plantel é fenomenal.

Dn – E como está a ser esta passagem pela Capital do Móvel?
NO – Está a ser porreira. Não fico sempre cá, porque eu sou de Barcelos e estou muito por casa. Mas gosto da cidade e das pessoas.

Dn – Este é um clube conhecido por ser aguerrido e ter boas assistências nos jogos em casa. Esse factor faz-se sentir dentro de campo?
NO – A imagem deste clube é a de que tem jogadores agressivos no bom sentido, que dão tudo pela equipa, e o público funciona como 12º jogador, empurrando a equipa para a frente.
Por vezes até são exigentes demais ao ponto de se manifestarem à mínima falha, mas isso é uma evidência de que estão com a equipa e que adoram o clube.

Dn – O que mais te surpreendeu no clube?
NO – No clube é a honestidade das pessoas e o ambiente que existe para trabalhar. Aqui, é muito fácil os jogadores fazerem o seu trabalho e crescerem como atletas.

Dn – Quanto à concorrência no ataque, tens jogadores que estão em excelente forma como é o caso do Rondon. Isso acaba por te espicaçar um pouco mais e fazer com que rendas aquilo que sabes?
NO – A competitividade no plantel é boa para toda a gente. Para o treinador e para os jogadores. O facto de ter outros avançados em boa forma só me motiva para trabalhar ainda mais e tentar encontrar o meu espaço na equipa.

Dn – Como é que um jogador emprestado pelo Benfica, sentiu a vitória do Paços frente ao Sporting? Porque, em última análise, deste uma mão ao clube que detém o teu passe.
NO – Por acaso nem pensei nisso. Fiquei muito contente, mas pela nossa equipa ter conseguido vencer um jogo tão importante. Não se tratou só de três pontos, mas este jogo também ajudou a colocar um pouco mais de justiça em relação àquilo que temos feito no campeonato. Tínhamos poucos pontos comparativamente à qualidade de jogo que temos vindo a apresentar.
Em relação ao Benfica, penso que, se continuar a jogar este futebol não vai precisar da ajuda de outros clubes.

Dn – Já que falas na qualidade de jogo da equipa do Benfica, achas difícil para um jovem da tua idade lutar por um lugar no plantel para a próxima época?
NO – Fácil nunca é. Mas a verdade é que, estando lá e aprendendo diariamente com os melhores, poderá surgir a minha oportunidade. Por outro lado, se no Paços temos cinco ou seis oportunidades para fazer golo, num clube como o Benfica temos muitas mais e só estando lá é que se pode marcar.

Dn – A verdade é que o Benfica tem jogadores não muito mais velhos que tu a terem mais oportunidades no plantel principal. Não ficas magoado com isso?
NO – Não fico magoado, é uma opção do clube. Também sei que eles conhecem o meu valor e que apostam muito em mim. Se acharam que era melhor rodar noutra equipa, é porque é o melhor. Eu próprio reconheço que é preferível estar num clube onde jogue mais do que no Benfica e jogar pouco. Agora, só tenho 19 anos, e resta-me continuar a trabalhar e esperar que, quando for chamado a representar o Benfica, possa fazê-lo da melhor forma.

Dn – Tens feito bastantes minutos no Paços e até já marcaste quatro golos (3 no campeonato e um na taça da liga). Quais são os teus objectivos para o que resta desta temporada?
NO – O principal é ganhar ritmo competitivo de primeira liga. É isso que falta à malta que sai dos juniores e, quando chega ao campeonato principal, depara-se com enormes diferenças. Em muitas situações é preciso ter experiência para ganhar a bola e isso só se consegue jogando.

Dn – Essa rodagem de que falas sente-se de que forma?
NO – Nos juniores jogamos contra miúdos da nossa idade e depois chegamos ao futebol sénior e apanhamos jogadores muito experiência, na casa dos 30 anos, que sabem muito mais que nós. Por isso é que o meu objectivo é aprender o máximo possível.

Dn – No fim da época, contas regressar ao Benfica e ganhar lugar no plantel principal?
NO – Na próxima época quero fazer parte do plantel e ser uma opção válida para o treinador. Se assim não acontecer, resta-me continuar a trabalhar para isso vir a acontecer.

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